Três dimensões da não neutralidade tecnológica: um esforço de sistematização na perspectiva das plataformas digitais de trabalho

Autores/as

  • Fernando Pasquini Universidade Federal de Uberlândia (Brasil)
  • Ney Maranhão Universidade Federal do Pará (Brasil)

Palabras clave:

Tecnologia, Plataformas Digitais de Trabalho, Neutralidade

Resumen

Objetiva-se investigar o intrigante contraste entre ubiquidade e neutralidade tecnológica, máxime diante do fenômeno contemporâneo das plataformas digitais de trabalho, perquirindo-se, mais precisamente, a veracidade da assertiva de que a tecnologia seria neutra quanto a fins, valores e subjetividade humana. Esse fenômeno de facilitada adesão social à narrativa da “neutralidade” tecnológica é apreciado sob o prisma justificador do liberalismo tecnológico. Na esteira de uma incursão multidisciplinar, entremeando direito e filosofia, conclui-se que, em maior ou menor grau: i) a tecnologia, em si, pode ser boa ou má, independentemente de seu uso; ii) a tecnologia, em sua concepção, criação e aplicação, exprime opções humanas e, logo, veicula normas e valores sociais; iii) a tecnologia promove interferências na subjetividade humana, passando longe de ser um item puramente técnico, apartado e distante do homem que o cria e usa. É dizer: a tecnologia – inclusive as plataformas digitais que intermedeiam o trabalho humano – não é neutra seja quanto a fins, seja quanto a valores, seja quanto à subjetividade. Instiga-se, em arremate, pela migração do foco de reflexão do paradigma da neutralidade para o paradigma da ambivalência. A pesquisa é qualitativa, eminentemente bibliográfica, tendo sido utilizado o método hipotético dedutivo.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

AKRICH, M. y LATOUR, B. (1992). A summary of a convenient vocabulary for the semiotics of human and nonhuman assemblies. In: BIJKER, W. & LAW, J. Shaping technology building society studies in sociotecnical change. Cambridge: MIT Press.

BERRY, W. (2015). The unsettling of America: culture and agriculture. Berkeley: Counterpoint.

BIJKER, W. E. (1997). Of bicycles, bakelites, and bulbs: toward a theory of sociotechnical change. MIT press.

BORGES-DUARTE, I. (2020). Martin Heidegger: a técnica como Ge-stell. De facto antropológico a paradigma epocal da modernidade tardia. In: OLIVEIRA, Jelson (org.). Filosofia da tecnologia: seus autores e seus problemas. Caxias do Sul, RS: Educs.

BORGMANN, A. (2013). Crossing the postmodern divide. University of Chicago Press.

BORGMANN, A. (1984). Technology and the character of contemporary life: a philosophical inquiry. University of Chicago Press.

CAÑIGUERAL, A. (2020). El trabajo ya no es lo que era: nuevas formas de trabajar, otras maneras de vivir. Barcelona: Conecta.

CARR, N. (2019). Geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros. Rio de Janeiro: Agir.

CRAWFORD, M. B. (2015). The world beyond your head: On becoming an individual in an age of distraction. Farrar, Straus and Giroux.

CUPANI, A. (2017). Filosofia da tecnologia: um convite. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC.

DE STEFANO, V. (2016). The rise of the ―just-in-time workforce‖: on-demand work, crowdwork, and labor protection in the gig-economy. Comparative Labor Law & Policy Journal, v. 37, n. 3.

DOOYEWEERD, H. (2018). No crepúsculo do pensamento ocidental: estudo sobre a pretensa autonomia do pensamento filosófico. Brasília, DF: Editora Monergismo.

DOOYEWEERD, H. (2015). Raízes da cultura ocidental: as opções pagã, secular e cristã. São Paulo: Cultura Cristã.

DOTSON, T. (2017). Technically together: reconstructing community in a networked world. MIT Press.

DOTSON, T. (2012). Technology, choice and the good life: Questioning technological liberalism. Technology in Society, v. 34, n. 4, p. 326-336.

ELLUL, J. (1968). A técnica e o desafio do século. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

FLORIDI, L. (2014). The 4th revolution: how the infosphere is reshaping human reality. Oxford University Press.

GOUDZWAARD, B. (2019). Capitalismo e progresso: um diagnóstico da sociedade ocidental. Viçosa: Ultimato.

GRANT, G. (1969). Technology and empire: perspectives on North America. Toronto: Anans.

HOFFMANN-RIEM, W. (2021). Teoria geral do direito digital: transformação digital: desafios para o direito. Rio de Janeiro: Forense.

HUI, Y. (2020). Tecnodiversidade. São Paulo: Ubu Editora.

IHDE, D. (2012). Technics and praxis: a philosophy of technology. Springer Science & Business Media.

IHDE, D. (1995). Postphenomenology: essays in the postmodern context. Northwestern University Press.

ILLICH, I. (1973). Tools for conviviality. Harper and Row.

INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION – ILO (2021). World employment and social outlook 2021: The role of digital labour platforms in transforming the world of work. International Labour Office – Geneva: ILO.

KALIL, R. B. (2020). A regulação do trabalho via plataformas digitais. São Paulo: Blucher.

LACEY, H. (2008). Valores e atividade científica 1. São Paulo: Editora 34.

LATOUR, B. y VENN, C. (2002). Morality and technology. Theory, culture & society, v. 19, n. 5-6.

LATOUR, B. (2009). Nunca fomos modernos. São Paulo: Editora Unesp.

LATOUR, B. (2000). Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: Unesp.

LATOUR, B. (1992). Where Are the Missing Masses? The Sociology of a Few Mundane Artifacts. Shaping technology/building society: studies in sociotechnical change.

MACINTYRE, A. (1981). After virtue. Gerald Duckworth & co. Ltd.

MARANHÃO, N. y SAVINO, T. A. C. (2021). Tecnologia e disrupção: o mundo do trabalho no contexto da quarta revolução industrial. In: LEAL, Carla Reita Faria; MARANHÃO, Ney e PADILHA, Norma Sueli. (Orgs). Sociedade, tecnologia e meio ambiente do trabalho: discussões contemporâneas. Mato Grosso: EdUFMT.

MARCUS, G. E. y SAKA, E. Assemblage (2006). Theory, culture & society. v. 23, n. 2-3.

MILLER, B. (2021). Is Technology Value-Neutral? Science, Technology, & Human Values, v. 46, n. 1.

MITCHAM, C. (2010). On Character and Technology. In: HIGGS, Eric; LIGHT, Andrew; STRONG, David. Technology and the good life? University of Chicago Press.

ORGANIZACIÓN INTERNATIONAL DEL TRABAJO – OIT (2019). Las plataformas digitales y el futuro del trabajo: cómo fomentar el trabajo decente en el mundo digital. Organización Internacional del Trabajo – Ginebra: OIT.

ORTEGA Y GASSET, J. (1963). Meditação da técnica. Tradução de Luís Washington Vita. Rio de Janeiro: LIAL.

PASQUALE, F. (2015). The black box society: the secret algorithms that control Money and information. Harvard University Press.

POSTMAN, N. (2006). Amusing ourselves to death: Public discourse in the age of show business. Penguin.

POSTMAN, N. (1994). Tecnopólio: a rendição da cultura à tecnologia. Tradução de Reinaldo Guarany. São Paulo: Nobel.

PRASSL, J. (2018). Human as a service: the promise and perils of work in the gig economy. New York: Oxford University Press.

PREMEBIDA, A., NEVES, F. M. y ALMEIDA, J. (2011). Estudos sociais em ciência e tecnologia e suas distintas abordagens. Sociologias, v. 13, n. 26.

REIJERS, W. y COECKELBERGH, M. (2020). Narrative and technology ethics. Palgrave MacMillan.

SCHUURMAN, D. (2019). Moldando um mundo digital: fé, cultura e tecnologia computacional. Brasília, DF: Editora Monergismo.

SCHWAB, K. (2016). A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro.

SENNETT, R. (1999). A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro, Editora Record.

SMITH, J. K. A. (2019). Imaginando o reino: a dinâmica do culto. São Paulo: Vida Nova.

SRNICEK, N. (2017). Platform capitalism. Cambridge: Polity Press.

STRONG, D y HIGGS, E. (2010). Borgmann’s Philosophy of Technology. In: HIGGS, Eric; LIGHT, Andrew; STRONG, David. Technology and the good life? University of Chicago Press.

TAYLOR, C. (1997). As fontes do self: a construção da identidade moderna. São Paulo: Edições Loyola.

TURKLE, S. (2011). Life on the screen: identity in the age of the Internet. Simon and Schuster.

VALLERO, D. (2011). Biomedical ethics for engineers: ethics and decision making in biomedical and biosystem engineering. Elsevier.

VALLOR, S. (2016). Technology and the virtues: A philosophical guide to a future worth wanting. Oxford University Press.

VAN DIJCK, J., POELL, T. y DE WAAL, M. (2018). The platform society. New York: Oxford University Press.

VERBEEK, P. P. (2011). Moralizing technology: understanding and designing the morality of things. University of Chicago Press.

VERKERK, M. J., HOOGLAND, J., VAN DER STOEP, J. y DE VRIES, M. J. (2018). Filosofia da tecnologia: uma introdução. Viçosa, Minas Gerais: Ultimato.

WINNER, L. (1986). Brandy, cigars and human values. In: The whale and the reactor: a search for limits in an age of high technology. University of Chicago Press, Chicago.

WINNER, L. (1980). Do artifacts have politics? Daedalus.

WINNER, L. (1978). Autonomous technology: technics-out-of-control as a theme in political thought. Mit Press.

WOODCOCK, J. y GRAHAM, M. (2020). The gig economy: a critical introduction. Cambridge: Polity Press.

ZUBOFF, S. (2019). The age of the surveillance capitalism: the fight for a human future at the new frontier of power. New York: PublicAffairs.

Recursos electrónicos

SACASAS, L. M. (2017). One Does Not Simply Add Ethics to Technology. The Frailest Thing. Disponível em: https://thefrailestthing.com/2017/11/06/one-does-not-simply-add-ethics-to-technology.

Publicado

2024-06-05

Cómo citar

Pasquini, F., & Maranhão, N. (2024). Três dimensões da não neutralidade tecnológica: um esforço de sistematização na perspectiva das plataformas digitais de trabalho. Revista Jurídica Del Trabajo, 5(13), 164–196. Recuperado a partir de http://revistajuridicadeltrabajo.com/index.php/rjt/article/view/191

Número

Sección

Artículos